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Em versão original

Para muitas crianças como nós, Star Wars, quer dizer, A guerra das Estrelas, foi uma referência durante a nossa infância. A Força saída da imaginação de George Lucas transportou-nos, como continua a fazer quando voltamos a vê-la, para uma galáxia muito, muito distante, com personagens tão incríveis como Han Solo, Yoda ou Chewbacca. Mas por mais longe que estivessem, curiosamente, quase todos falavam inglês. No entanto, nem sempre é assim para todos. As primeiras impressões de um amigo catalão logo depois de ver o primeiro filme da segunda trilogia foram desconcertantes: "Nunca tinha ouvido a voz do Darth Vader". A voz aspirada e mecânica de Lord Vader a que se referia era a de James Earl Jones, um ícone do cinema que acaba de nos deixar.


Talvez tenha sido mais fácil para todos quando o cinema era silencioso e Charlie Chaplin uma estrela sem voz. Mas será que "Eu sou o teu pai" de Darth Vader para Luke Skywalker teria o mesmo efeito se apenas o lêssemos no ecrã? A versão original é sempre melhor, e não é só porque o professor o diz. Há coisas que simplesmente se perdem na tradução. Como o humor de Harrison Ford ou o carisma de Sir Alec Guinness. Isto é algo que os portugueses conhecem muito bem porque, por vários motivos, consomem cultura estrangeira na sua versão original há várias gerações, incluindo desenhos animados. Claro que também há filmes dobrados para os mais pequenos, já que não conseguem ler as legendas até aos 7-9 anos, mas mesmo neste tipo de filmes os portugueses têm sempre as duas opções nos cinemas.


Será que, no futuro, Portugal vai alterar a sua relação com as versões originais legendadas?


Numa tentativa de imitar outros países europeus, a RTP, a televisão pública de Portugal, decidiu dobrar a série "Friends" em Outubro de 1998. Sendo uma sitcom muito popular, esperavam que os portugueses se habituassem a vê-la na sua própria língua. O resultado foi que deixou de ser transmitida ao fim de alguns episódios, acabando depois por passar para o segundo canal em VO, do início, onde toda uma geração de portugueses acabou finalmente por ver a série. Não houve mais tentativas do género desde então.


Hoje, Portugal continua a ser um país muito permeável à influência de outras línguas – como sempre foi. O português sempre recebeu e adotou muitas palavras e expressões do mundo exterior, mas também deve ser cuidado por quem o valoriza. Quem quiser comparar as rádios portuguesas e espanholas, por exemplo, vai reparar que os locutores em Portugal usam muito mais anglicismos, mesmo quando há um equivalente em português. O equilíbrio entre a língua nativa e a que aprendemos ao longo da vida pode ser difícil de manter, mas é sempre uma experiência enriquecedora, que nos leva a poder expressar novas ideias e emoções que simplesmente soam melhor ou são mais precisas. Se não, tenta traduzir algumas músicas e vais ver que não soam tão fantásticas como no original.

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